segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

LESÕES NA GINÁSTICA (2)

A ginástica é uma modalidade onde a coordenação, força e equilíbrio se associam à elegância, beleza e harmonia do movimento em que o esforço, dedicação, empenho e poder de sacrifício são requisitos obrigatórios para o sucesso de qualquer ginasta.

Segundo Caine, Caine e Lindener (1996), o número de anos de prática e o início da competição podem ser os principais factores de risco para o desenvolvimento de algumas lesões crónicas. À medida que os ginastas desenvolvem melhor os seus skills, o tempo e intensidade de treino aumentam e consequentemente o tempo de exposição ao risco aumenta e com ele o risco de lesões (McAuley, Hudash, Shilds, Albright, Garrick, Requa e Wallace, 1987).

No estudo citado no post anterior quase metade das lesões (49,6%) ocorreram no membro inferior; 24,7% no membro superior e 24,2% no tronco o que confirma a tendência apontada por outros estudos.

Nos trampolins atingem-se alturas que podem ir até 9 metros, o que leva a um maior risco de lesão do membro inferior em caso de queda ou má recepção. A altura atingida, associada muitas vezes a elevados níveis de dificuldade dos saltos, leva frequentemente a quedas e recepções aparatosas. Uma recepção vinda de um salto, com má execução (falta de rotação), leva a que esta seja realizada com desvios do centro de gravidade, o que pode gerar forças assimétricas e não controladas em diferentes estruturas, como o joelho e/ou a tibio-társica. Este aspecto é agravado, em caso de saltos com piruetas, em que a recepção é muitas vezes realizada com apoio dos pés, mas com o tronco ainda em rotação.

Na Rítmica, é exigido um elevado nível de flexibilidade dos membros inferiores e as ginastas realizam em quase todos os seus esquemas saltos onde é necessária a força, a que associam os elementos gímnicos em amplitudes extremas. Na acrobática também são realizados saltos, embora com menor frequência e em alturas bastante menores. Na artística, estão sujeitos a diferentes recepções dos variados aparelhos e em superfícies diferentes.
A elevada prevalência de lesões articulares poderá ser explicada não só pela exposição às sobrecargas contínuas das estruturas, que levam a lesões de overuse, bem como pelo risco de lesões traumáticas que as modalidades apresentam. Segundo Caine et al (1996) as lesões que acontecem com maior frequência são lesões capsulo-ligamentares por mecanismo de entorse. As lesões musculares e tendinosas podem dever-se às intensas solicitações a que estas estruturas estão sujeitas, em especial na realização de elementos de força, nas lesões musculares, e em situações de overuse, no caso das tendinopatias. Os nossos resultados parecem confirmar no essencial o padrão encontrado nesses estudos.
(excertos do artigo in Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto (2007), Vol.1, nº 2: 21-27
Artigo completo em:
http://www.apfisio.pt/gifd_revista/media/versoes_integrais_pdf/rpfd_pub_jul2007_vol_1_n2.pdf
Raul Oliveira

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