sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

LESÕES DE SOBRECARGA NO OMBRO DOS TENISTAS (3)


FACTORES DE RISCO ASSOCIADOS A LESÕES NO OMBRO DE TENISTAS
São descritos alguns dos factores riscos que poderão causar lesões no ombro dos tenistas.
A) Uma diminuição da força muscular quer dos rotadores externos do ombro (deltóide posterior, infra-espinhoso e pequeno redondo) quer dos músculos estabilizadores da omoplata (trapézio superior, trapézio inferior, grande dentado), uma alteração na coordenação neuromuscular desses 2 grupos musculares, acompanhada de uma diminuição da flexibilidade dos rotadores do ombro (rotadores internos desenvolvem muito mais força que os rotadores externos) explicam a instabilidade dinâmica da gleno-umeral (Jobe, Tibone, Perry, & Moynes, 1983; Kibler & Safran, 2005) que em alguns tenistas é aumentada também por uma instabilidade passiva devida a laxidão capsulo-ligamentar.


Músculos estabilizadores da omoplata são fundamentais no controle da mobilidade/estabilidade dinâmica do ombro.
Há trabalho especifico para se solicitar de forma adequada estes músculos em sintonia com os restantes músculos do braço

B) Se houver uma retracção da cápsula posterior da articulação do ombro, os rotadores externos e os estabilizadores da omoplata entram em “fadiga” não cumprindo o seu papel estabilizador e de centragem da cabeça umeral dentro da cavidade glenoide. Este factor é ampliado em situações de grande fadiga física e/ou mental.
Esta instabilidade pode originar risco de lesão acrescida no labrum glenoideu e noutras estruturas como o tendão da longa porção do bicípite e a bolsa sub-acromial.



Esta retracção da cápsula posterior associada aos movimentos de serviço/smash onde as acelerações são máximas seguidas da frenagens bruscas que levam a microtraumatismos repetidos durante a fase de desaceleração pode originar, se não for feito um trabalho complementar, à perda da flexibilidade dos rotadores externos limitando objectivamente a amplitude de rotação interna do braço (figura acima)


C) Ratio força/comprimento entre músculos rotadores externos/rotadores internos alterado como efeito de adaptações especificas do treino (Ellenbecker & Roetert, 1999) .

Por exemplo, uma limitação da mobilidade da rotação interna do ombro superior a 25º (glenohumeral internal rotation deficit – GIRD) pode ser um factor de risco potencial de lesão no ombro dos lançadores (Burkhart, Morgan, & Kibler, 2003).
O conjunto destas alterações cinemáticas também altera a mecânica da articulação gleno-umeral podendo originar secundariamente síndromes de conflito sub-acromial e nos casos mais graves lesões do labrum glenoideu.

Neste contexto torna-se necessário uma abordagem multidisciplinar para que as estratégias quer de prevenção quer de intervenção nas lesões sejam eficientes. Essa abordagem deve estar centrada em:
a) avaliação objectiva da postura e dos padrões de movimento utilizados pelo tenista nos diferentes gestos (aqui é muito útil a filmagem para posterior análise);
b) análise das diferentes componentes de força muscular e flexibilidade dos principais grupos musculares envolvidos;
c) conhecimento dos factores de estabilidade articular funcional.


Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 / 917231718
Faculdade de Motricidade Humana

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